08/04/2010

Me dê textura!



O meio da fotografia vem passando por uma fase interessante.
Com pouco mais de R$500 compra-se uma máquina digital capaz de tirar "trocentas" fotos na festa da filha da tia Nazaré. Depois junta-se a família toda na frente da TV para ver as peripécias de cada um durante a comemoração.
Experimente dar uma passada em um forum de fotografia e busque "Popularização" da fotografia. Não se assuste, você não errou a pesquisa! Os 500 ou mais resultados realmente estão furiosamente atacando a tia Nazaré.
O que nossos tão escolados amigos fotógrafos não percebem é uma camada bem fina e invisível que marca a diferença das fotos da tia e as fotos profissionais.
Essa camada fina, essa textura, é a expressão da foto. Quando bem domada, por um mestre, como Ansel Adams, dispensa até o uso da cor.

Na imagem do início do post, Ansel Adams não estava tentando representar uma árvore. Estava usando uma técnica (criada por ele mesmo) que o permitia expressão por meio do contraste do branco, preto e seus tons intermediários. A forma como a árvore se posiciona, sua inclinação (sugerindo algo mais triste ou, no mínimo, introspectivo), o contraste do fundo de montanhas nevadas e das nuvens com o primeiro plano (dando movimento à imagem), até a profundidade de campo, são itens que denotam muito mais do que a própria cena.

É a situação em que o momento retratado (e documentado) torna-se meramente coadjuvante na composição, e a fotografia torna-se mais do que o retrato de um momento. O documento fotografia passa a ser meio de expressão.

É com isso em mente que nossos amigos fotógrafos deveriam estar antes de se sentirem ofendidos com as fotos da tia Nazaré!


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