Inserida no contexto arquivístico e visando a importância desta para com o seu produtor/acumulador, sim. Mas lembre-se: qualquer documento de arquivo (textual ou imagético) isolado de seu contexto de produção tem sua relevância parcialmente ou totalmente anulada.
A fotografia deixou de ser um mero meio ilustrativo de pesquisa e se tornou matéria prima na produção de conhecimento, mas não possui métodos de trabalho consolidados: imagens são arquivadas ora de acordo com o seu contexto, ora de acordo com os outros meios possíveis (ordem cronológica, agrupados por autor, etc).
Segundo os autores FILLIPI, LIMA e CARVALHO (2002):
"(...) os atributos técnicos e formais da imagem fotográfica assumem um papel relevante no entendimento de questões ligadas à noção de natureza, cidade, progresso, modernidade, morte, infância, indivíduo, identidade, apenas para citar aqueles temas mais recorrentes. Não é por acaso que o incremento na organização de documentos fotográficos institucionais aconteceu concomitantemente à publicação de repertórios e ao crescimento do uso da fotografia como fonte para a pesquisa. Nessa perspectiva, torna-se fundamental, hoje mais do que nunca, a definição de padrões de qualidade na organização e conservação de fotografias em acervos institucionais e na produção de instrumentos de pesquisa."
Ao contrário dos documentos textuais, o trato da fotoimagem como documento de arquivo não está inserido no senso comum, bem como formalidades acerca de sua utilização documental. A comparação do documento imagético com o textual não é viável, visto que são dois meios distintos de difusão da informação, mas que não se sobrepõem. Ao contrário: se complementam.
Em arquivos de documentação administrativa (que servem de referência para os demais), trata-se a fotografia quase sempre como um "anexo", ou um "documento complementar" de ao menos um documento textual.
A metodologia utilizada para lidar com informações imagéticas é uma das grandes causadoras de divergência entre os profissionais e estudantes de arquivo. São inúmeros os debates relacionados à sua classificação, indexação, conservação, preservação, disponibilização para o usuário e, ainda que em um grau menor, sua análise diplomática.
Ao inserir um documento fotográfico em um acervo orgânico, deve-se levar em conta, basicamente, sua classificação, contexto e questões como sua perduração quando atingir o valor secundário. Considerar as particularidades físicas é fundamental no arranjo de documentação fotográfica.
Tratando-se de documentação digital, o pouco interesse acadêmico é ainda mais notório. Essa tecnologia recente gerou um boom na criação de material fotográfico. Refletir sobre questões relacionadas a características intrínsecas de um documento fotográfico, mesmo que digital, pode não parecer viável, visto que suportes eletrônicos permitem a geração de cópias idênticas com facilidade bem como sua difusão quase instantânea. Características diferentes requerem metodologias diferentes.
A fim de possibilitar uma lógica na organização de fotografias em uma instituição, deve-se tratar tanto a fotografia analógica quanto a digital com um zelo ainda maior que uma documentação textual administrativa demandaria: há clara necessidade de classificação, indexação, referências cruzadas, alocação apropriada, etc. Todo um universo de critérios pode ser levantado. Quais vocês, arquivistas, adotariam?
Referências:
Como Tratar coleções de fotografias - Patrícia de Filippi, Solange Ferraz de Lima e Vânia Carneiro de Carvalho (2002);
A teoria dos arquivos e a gestão de documentos - Ana Márcia Lutterbach Rodrigues (2006)
3 comentários:
isso mesmo! fotografia É documento
muito bô!!
Uau!
=D Adorei seu blog!
Trícia
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