Ficamos responsáveis por responder as questões do blog DLIPLOARTE postadas no blog-mãe (http://diplomaticaetipologia.blogspot.com/2010/06/tarefa-da-semana.html#comments). Segue:

1) Qual a inovação trazida por Jean Mabillon no seu tratado 'De re diplomática'? O que influenciou para a diplomática de hoje?

Em 1861 Jean Mabillon trouxe em seu tratado de seis partes intitulado De re diplomática libri VI a inovação das regras para estas considerarem tanto o contexto externo ao documento como também o seu conteúdo física e intelectualmente permitindo o exame das partes separadamente.

A partir da divulgação dos métodos de Mabillon começaram a ser publicados pela Europa tratados e manuais diplomáticos e a disciplina diplomática passou integrar os estudos jurídicos.

2) No que consistia a diplomática arquivística? Quais eram suas bases?

Em 1970 foi criada uma Comissão Internacional de Diplomática que visava o desenvolvimento científico da disciplina passou a definí-la por "ciência que estuda a tradição, a forma e a elaboração dos atos escritos" (COMISÍON INTERNACIONAL DE DIPLOMÁTICA, apud, GALENDE DÍAZ; RUIPEREZ GARCIA, 2003, p. 16).

Nesse mesmo ano, com o intuito de desenvolver uma Diplomática mais moderna, Christopher Brooke convocou os arquivistas da British Columbia University (Canadá), o que culminou na II Conferência Européia de Arquivos promovida pelo Conselho Internacional de Arquivos fazendo referência acerca do crescente interesse dos arquivistas norte-americanos e europeus em retomar e adaptar a diplomática ao documentos modernos, e a recomendação de que se desenvolvessem, para tanto,pesquisas sobre a tipologia do documento.

Nesse contexto surge a chamada Diplomática moderna ou Diplomática Arquivística com a preocupação mais focada na tipologia documental.

3) Segundo Duranti, documentos dispositivos e probatórios - identificados na Idade Média, não são mais suficientes. Por que?

Na Idade Média foram identificadas duas categorias documentais: Documento Dispositivo e Documento Probatório. A partir do aumento da quantidade de documentos produzidos hoje, essas categorias deixaram de ser suficientes para abranger a variedade de documentos gerados na burocracia moderna. Segundo Duranti (1995, p. 56) isso se deve porque as pessoas começam a criar documentos com o propósito de comunicar fatos, sentimentos e pensamentos, e atos jurídicos e especificamente aqueles definidos como transações, começaram a resultar de uma combinação de atos relacionados, jurídicos ou não-jurídicos, cada uma produzindo um documento". Identificou-se então ao menos mais duas categorias documentais: Documentos de Apoio e Documentos Narrativos.


Esse mês os brasilienses têm a oportunidade de conferir parte do material produzido por uma das mais importantes expedições pelo interior do Brasil no século XIX: a expedição Langsodorff.

A expedição patrocinada pelo czar russo e liderada pelo Barão de Langsdorff contou com o trabalho de três primorosos artistas Rugendas, Taunay e Hercule Florence, este considerado um dos criadores da fotografia.

Florence ao longo da expedição usou desenvolveu uma espécie de câmera escura, usada pelos pintores desde a renascença como um recurso para planificar a paisagem Era um momento em que a arte estava presa ao retrato fiel da realidade, especialmente a serviço da ciência. Com o fim da expedição Florance permanece no país e continua o desenvolvimento da camara escura, até que por volta de 1935 começa a imprimir rotulos de remédios e propagandas por meio da sensibilização do papel pela luz, o que é à base da fotografia.


Outro ponto que chama atenção aos visitantes da exposição é o fato de que todo o material exposto é original, esta sendo conservado pela Rússia há mais dois séculos e se encontra impecável, formando uma coleção de registros do Brasil do século XIX que vai da desde as tribos indígenas, o relevo, os mapas hidrográficos, o funcionamento da economia e a fauna.


Serviço:
Expedição Langsdorff
Até 17 de julho
Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
Aberto de terça a domingo de 9h às 21h.

site oficial


Inserida no contexto arquivístico e visando a importância desta para com o seu produtor/acumulador, sim. Mas lembre-se: qualquer documento de arquivo (textual ou imagético) isolado de seu contexto de produção tem sua relevância parcialmente ou totalmente anulada.

A fotografia deixou de ser um mero meio ilustrativo de pesquisa e se tornou matéria prima na produção de conhecimento, mas não possui métodos de trabalho consolidados: imagens são arquivadas ora de acordo com o seu contexto, ora de acordo com os outros meios possíveis (ordem cronológica, agrupados por autor, etc).

Segundo os autores FILLIPI, LIMA e CARVALHO (2002):

"(...) os atributos técnicos e formais da imagem fotográfica assumem um papel relevante no entendimento de questões ligadas à noção de natureza, cidade, progresso, modernidade, morte, infância, indivíduo, identidade, apenas para citar aqueles temas mais recorrentes. Não é por acaso que o incremento na organização de documentos fotográficos institucionais aconteceu concomitantemente à publicação de repertórios e ao crescimento do uso da fotografia como fonte para a pesquisa. Nessa perspectiva, torna-se fundamental, hoje mais do que nunca, a definição de padrões de qualidade na organização e conservação de fotografias em acervos institucionais e na produção de instrumentos de pesquisa."

Ao contrário dos documentos textuais, o trato da fotoimagem como documento de arquivo não está inserido no senso comum, bem como formalidades acerca de sua utilização documental. A comparação do documento imagético com o textual não é viável, visto que são dois meios distintos de difusão da informação, mas que não se sobrepõem. Ao contrário: se complementam.

Em arquivos de documentação administrativa (que servem de referência para os demais), trata-se a fotografia quase sempre como um "anexo", ou um "documento complementar" de ao menos um documento textual.

A metodologia utilizada para lidar com informações imagéticas é uma das grandes causadoras de divergência entre os profissionais e estudantes de arquivo. São inúmeros os debates relacionados à sua classificação, indexação, conservação, preservação, disponibilização para o usuário e, ainda que em um grau menor, sua análise diplomática.

Ao inserir um documento fotográfico em um acervo orgânico, deve-se levar em conta, basicamente, sua classificação, contexto e questões como sua perduração quando atingir o valor secundário. Considerar as particularidades físicas é fundamental no arranjo de documentação fotográfica.

Tratando-se de documentação digital, o pouco interesse acadêmico é ainda mais notório. Essa tecnologia recente gerou um boom na criação de material fotográfico. Refletir sobre questões relacionadas a características intrínsecas de um documento fotográfico, mesmo que digital, pode não parecer viável, visto que suportes eletrônicos permitem a geração de cópias idênticas com facilidade bem como sua difusão quase instantânea. Características diferentes requerem metodologias diferentes.

A fim de possibilitar uma lógica na organização de fotografias em uma instituição, deve-se tratar tanto a fotografia analógica quanto a digital com um zelo ainda maior que uma documentação textual administrativa demandaria: há clara necessidade de classificação, indexação, referências cruzadas, alocação apropriada, etc. Todo um universo de critérios pode ser levantado. Quais vocês, arquivistas, adotariam?

Referências:
Como Tratar coleções de fotografias - Patrícia de Filippi, Solange Ferraz de Lima e Vânia Carneiro de Carvalho (2002);

A teoria dos arquivos e a gestão de documentos - Ana Márcia Lutterbach Rodrigues (2006)

Em algum momento de 1934 decidiu-se pelo formato de 35mm, não muito conhecido pelo nome oficial de ISO 1007. Em 1960 já era o formato mais utilizado em fotografia, ultrapassando o principal concorrente, o APS (com 25mm de largura).
Em tempos de fotografia digital, o supra sumo dos equipamentos possui sensores ópticos com tamanho 35mm.


A importância histórica do 35mm sobe exponencialmente quando pensamos que a representação da realidade exposta em uma fotografia depende sobremaneira do formato adotado.
Ora, em um retrato as pessoas deviam agrupar-se para que em uma foto 35mm ficassem todas dentro do frame. Uma paisagem tinha de ser representada a distancia tal que suas proporções ficassem adequadas no formato. O curioso é que nesse tempo todo não se questionou a forma. Por que 35mm?
A Sony acaba de lançar em suas câmeras mais prosaicas uma função de panorâmica que gera um arquivo digital com dada altura e o comprimento que a panorâmica exigir. Isso significa que do alto de uma montanha no Chile, posso tirar uma foto em 180 graus (ou mais, se assim desejar) e mostrar para as pessoas assim. Não é mais necessário fazer uma colcha de retalhos de pedaços de 35mm e agrupá-los em programa específico.
O grupo de Drum`n`Bass inglês Pendulum lançou em abril um clipe de uma de suas músicas em 360 graus. O espectador pode, por meio de comandos na tela, assistir o clipe da perspectiva que mais o agradar.
O formato da mídia muda, então, um dos itens escopo da Diplomática:
A quantidade de informação armazenada em cada elemento.
Uma foto em 180 graus permite transmitir muito mais ao observador do que várias fotos em 35mm que cubram o mesmo panorama, pois transmite a informação do jeito que nossos olhos naturalmente enxergam o mundo.
Dá para ir mais longe?
Dá, um tanto. Lembra do filme Minority Report?
O jeito que o Tom Cruise (ah, o Tom Cruise...) manipula a informação em uma tela semi-holográfica mostra que ainda temos muito a mudar na forma como a informação fotográfica é armazenada e apresentada.
Mas aonde estamos nesse caminho?
Em fevereiro desse ano Blaise Aguera fez uma apresentação do Bing Maps (concorrente do Google Maps) que fez cair o queixo do público nerd e levantou sobrancelhas dos empresários de T.I. Infelizmente não encontrei versão legendada mas, na pior das hipóteses, as imagens falam por sí: http://www.ted.com/talks/blaise_aguera.html
A próxima fronteira é a popularização de equipamentos que permitam interação em três dimensões para que possamos, a passos largos, buscar o uso da holografia.

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